sábado, 31 de dezembro de 2011

Salve Mestre Jonas

Até quando o Brasil vai ignorar a sua música? Sinceramente, Mestre Jonas é um dos grandes músicos que apareceram nos últimos tempos, com mais de mil músicas, pouquíssimas editadas, suas composições são merecedoras de muitos louros. Jonas com o seu suingue comparado ao de Moacir Santos, não é só um sambeiro, ele passava por várias áreas da música com muita desenvoltura, contemporâneo de seu tempo, coisa que somente os grandes conseguem. Ele sempre soube que estava fazendo algo de valor para a cultura brasileira, mesmo que os canais de mídia e rádios o ignorassem. Com estética e alegria Jonas se propôs a escrever uma música por dia, mas tinha dias que ele escrevia três. Uma das coisas que mais gostava de ouvir e tinha muitas fitas em VHS com vários shows, mas o que ele mais ficava inspirado era quando via os shows de Egberto Gismonti, ele adorava passar o tempo ouvindo músicas e criando. Jonas nos deixou um legado e faço questão de divulgá-lo até nos confins do mundo por onde cantar. Ele fez Artes Plásticas na faculdade Guignard, ele dizia que gostava de fazer desenhos em nanquim, gostava de um bom café e falar de coisas boas da vida. Um típico brasileiro nascido na favela que poderia ter escolhido outros destinos menos felizes para a sua vida, mas escolheu a arte como meio de sobrevivência e de manifestação de suas idéias. Uma das poucas rádios que o divulgavam era a rádio favela, por isso as pessoas do morro o conheciam e o respeitavam como artista, ele era amigo pra toda hora, carinhoso e bonachão. Ficar do lado dele sempre me inspirou a compor, a música fluía. Ele exalava arte e alecrim.  Era um Mahatma -palavra sânscrita que significa “grande alma” e era mesmo, cheio de sorriso, não tinha quem não se alegrava quando O Mestrinho chegava.

Este ano de 2012, completaria 10 anos de carreira quando começamos juntos com outros compositores e intérpretes do Movimento Reciclo Geral. É uma grande perda para o Brasil e lamentável que muitos brasileiros amantes da boa música não o conheceram, devido a estes meios nefastos de comunicação que não privilegiam a arte musical genuína.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Entrevista NPM

Confiram minha entrevista para a NPM
http://www.youtube.com/watch?v=3Jxtxz5PzlU

O canto

Entre o tum tum do coração e o silêncio do teatro, o canto se inicia. A voz ganha o seu espaço pelos infinitos dos ouvidos das pessoas.
O olhar atento atende a expectativa e e entende o processo de se fazer e refazer o canto em cada instante, de fazer do corpo a extensão da voz e da sensibilidade!!!
Como é mais fácil cantar para um platéia dispersa, em que os seus erros e aflições não são considerados, mas como é mais gostoso e verdadeiro ser descoberta por olhares tão atentos, curiosos e carinhosos como o desse público. Me desnudo no palco com todas as inquietações, esperanças e regozijos de felicidades.

Sobre o show de lançamento no Teatro Aletrosa

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sonhos com Torradas

Sonhos com Torradas é uma música com muito humor. A letra de Maurício Detoni e Edu Kriger fala de uma pessoa, no caso uma mulher, que aprendeu e conseguiu dar a volta por cima após passar por uma desilusão.

Escolhi essa música pra cantar porque gosto de ver como as pessoas sabem sair das situações que as deixam tristes, de uma maneira descontraída e aproveitando as oportunidades que a vida oferece. Adoro a vida e as possibilidades de darmos a volta por cima.
Acho a música bem engraçada e isso faz com que eu adore interpretá-la. Quando canto essa música vejo os sonhos e as torradas, vejo o sorriso, vejo ela namorando, de vestido florido, numa praça, adorando os mimos do rapaz da padaria.
Me soa muito cômico.
Essa música e Esse moço já estão em www. myspace.com/leopoldinabh

Esse Moço

Essa música é de Marcus Bolivar e Antônio Gomes Neto e me traz muitas imagens. Consigo ver muito bem a cena da história contada e cantada na letra e esse é o principal motivo por eu ter escolhido cantar essa canção.
Acho a história interessante e triste. Triste por falar de uma pessoa que não consegue demonstrar para a outra o amor que ela realmente senta. Ai, ela fica calada... fala baixinho... busca fugas, outras formas. Sinto e vejo aquele silêncio típicos de algumas relações. Para mim é um retrato falado de um relação que tem uma dor guardada, acomodada pelo silêncio.
Para o show o arranjo da música é diferente do cd. Ela virou um choro, muito bonito.
Para conhecer, uma ótima oportunidade é o show de lançamento no dia 24/06, às 21h no Teatro Alterosa.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Frevo Torto

Sou carnavalesca!
Desde criança pulo carnaval e por esse encanto e paixão já ganhei muitos troféus em minha cidade. Amo carnaval, conheci meu amor no carnaval e adoro a mistura samba, suor e cerveja nos degraus cheios de confetes da igreja das praças centrais dos interiores mineiros.
Escolher a música Frevo Torto para o meu disco tem a ver com tudo isso. Traz para mim a imagem de uma bela historia de amor que em meio a confetes e serpentinas, à alegria de sentir o carnaval e a paixão no coração se realiza e acontece.
Fico feliz, ao me imaginar na janela catando frevos e marchas pra encantar meu bem. Me vejo dançando, adoro sentir a sensação da tontura da quarta das cinzas, de enfeitar, de tocar instrumentos, de ser pierrô e colombina.
Adoro essa música.
Ela também está no myspace. Entre e escute!
www.mypasce.com/leopoldinabh

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sobre o show... dia 24! (está chegando....)

Está chegando a hora. Reta final! Falta praticamente uma semana para esse momento tão esperado que é o lançamento do meu disco!
Gostaria de convidar a todos para ccomparecerem ao show, que será no dia 24, no Teatro Alterosa às 21h!
O preço do ingresso é 30 reais. Temos duas opções: quem compra inteira ganha um cd! Basta guardar o ingresso e, ao final do show, apresentá-lo na banca de venda de cds. A outra opção é a meia entrada, a 15 reais!
Várias serão as participações especias: Renato Motha, Rafael Martini, Felipe José, Flávio Ferreira e Rafael Azevedo. Além disso a direção de artística do show é da querida Titane e a direção musical do meu grande amigo Marcos Braccini!
Espero todos por lá!

Jongo

A segunda música do meu disco, assinada por mim e por Rodrigo Braga, se chama Jongo e foi uma homenagem ao Mestre Darcy do Jongo - um senhor jongueiro do Rio de Janeiro que faleceu no finl de 2001.

Jongo é uma música que remete ao plano que antecede a vida aqui na terra, remete à feitura de um novo ser minutos antes dele "aterrizar". Mais no final da música, remete à lembrança da vida em que se trabalhou duro e à grande vontade de se poder festejar com seu povo.
Quando vou escrever uma letra, sou um tanto quanto impressionista. Eu não consigo ficar na história que vou contar, não sei fazer isso. Eu conto a imagem!
Quando eu fiz essa música, imaginei a areia balançando com o vento. Um vento que dá a vida e esta, que se renova a cada existência. Imaginei o mar, iemanjá, sereia do mar, que se refaz no mar, dando a beleza da imagem àqueles que a vêem.
Ela também está no myspace! www.myspace.com/leopoldinabh

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nganã

Este é nome da primeira música do meu disco, que significa senhora. Quando ouço essa composição de Leonardo Lorena, imagino uma grande festa em uma aldeia - uma aldeia no meio de uma mata. Imagino que nós estamos lá também, como ouvintes, como pessoas que estão nesse mesmo lugar escutando o som do nigomá (atabaque africano) e buscando encontrar este som que ouvimos.

Quando o Leonardo fez esta música, soube que estava pensando em sua avó. Ele conta que a música foi meio que "ditada" para ele. Foi feita muito rápida. As palavras foram aparecendo, ele não as entendia muito bem, e assim foi buscando o significado de cada uma e montando a música: parte a parte.

Escolhi essa música para ser a primeira do disco porque a vejo como uma grande abertura. Ela significa para mim a festa dos povos e além disso, a imagem de nós, ouvintes, procurando o som, me faz pensar que nós iremos participar da festa com eles. Como se eles fossem nos apresentas suas músicas, suas histórias de amor, de saudosismo, de tragédia, de tristeza de existencialismos, de saudades e de fé.

Para mim é um convite, que faço a todos vocês de conhecerem o meu trabalho!

Esssa música você pode escutar em www.myspace.com/leopoldinabh






A composíção é de Leonardo Lorena

Apresentando: Show de lançamento

Entramos hoje naquele momento de super reta final para o show de lançamento do meu disco que será dia 24/06 no Teatro Alterosa. Faltam 10 dias e estamos todos trabalhando muito para apresentarmos um espetáculo maravilhoso! São várias pessoas empenhadas, trabalhando muito, para que dê tudo certo!
Aproveitando este momento, a partir de hoje irei apresentar, todos os dias, uma músicas do meu disco, contando um pouco das motivações que me levaram à gravação e escolha de cada uma.
Espero que gostem do que vem por ai!

Participação no Programa Feito em Casa

Há duas semanas gravei o programa Feito em Casa, produzido pelo Miguel Rezendena, rádio Inconfidência (100,9FM). Foi uma experiência muito interessante e gostosa, que começou logo no processo de escolha das músicas. Uma grande difícildade, já que o repertório musical que me influencia é muito amplo. Ser programador musical bastante desafiador, deu para sentir na pele! Mas mesmo assim procurei escolher algumas músicas que além de me influenciarem na vida possuem representatividade para este momento que estou vivendo. São todas músicas que gosto muito e que de alguma forma fazem parte do meu "dna" musical.

O programa vai ao ar hoje, 14/06, de 22h às 23h. A reprise é sábado, dia 19/06, de 11h às 12h!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

L E O P O L D I N A (Conexão Vivo - Juiz de Fora)

Neste último final de semana cantei em Juiz de Fora dentro projeto Conexão Vivo.
O novo espetáculo, é uma prévia do show de lançamento do cd  L E O P O L D I N A , que terá a estréia no dia 24 de junho no Teatro Alterosa em Belo Horizonte.
Tive o prazer de dividir o palco com a presença de uma das grande cantora mineiras, admiro muito essa mulher, conhecedora dos mínimos movimentos de músculos e articulações, suas direções e intensões, para o canto ser verdadeiro, falo de Titane, que presença , que voz, que instrumento!!!
Cantamos Panorâmica-808 e Cantiga, Titane nos surpreende com sua desenvoltura e maturidade, cantar com ela é sempre aprendizado.
Tive uma enorme felicidade de poder cantar a música Um Carro de Bois com o Marcos Braccini, um grande amigo, esta parceria fechou com chave de ouro o cd que fizemos juntos.
A banda a cada acorde, a cada música encontra a harmonia, o entrosamento para fazer sempre um bom som, estou muito satisfeita pela sua dedicação e vontade.......

terça-feira, 27 de abril de 2010

Leopoldina convida Renato Motha - Conexão Vivo 2010

Depois de anos fora dos palcos, estou de volta. Meu caminho nesse tempo se intercalou entre vários tipos de sons desde os que se costuravam na feitura de meu cd até aos choros e risadas de meu filhinho.
No dia 25/04 dentro do projeto conexão vivo pude soltar a voz que a tanto tempo estava latente dentro de mim. Que saudades matei de tanto cantar. Os músicos que me acompanharam, Maurício Ribeiro, Bruno Santos, Pedro Trigo e Alexandre Andrés fizeram deste show como se fosse o de sua autoria, me deliciei nos acordes e harmonias que concebiam, aos poucos fui deixando de lado o coração acelerado do primeiro impacto para ir me soltando com cadência.
O show culminou com a presença cativa e feliz de Renato Motha, que canto lindo, parece que vem de outras esferas para enobrecer com luz esse ambiente.
Continuo cantando e me emocionando enquanto caminho. Não dá para ser como Um Carro de Bois, tenho alma, pensamento, não dá pra tirar as minhas rodas pra ficar esquecida num barranco. Vou com o vento, sigo a estrada.
Queria agradecer a todos que participaram deste projeto, e também ao Marcos Braccini, Luisa Monteiro e Titane por trabalharem comigo nos bastidores respectivamente da Direção Musical, Produção executiva e Direção de Palco.

Meu terno agradecimento a toda equipe.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Expresso Melodia





É um projeto itinerante que visa levar a música nova produzida em Minas para cidadezinhas do interior, num raio mais ou menos de 100 km de Belo Horizonte, através de um caminhão baú que se transforma em palco por onde passa. É interessante avaliar como cada cidade recebe diferentemente os músicos do projeto Expresso Melodia.

Algumas cidades não têm nenhum conceito cultural e muitos prefeitos não se filiam à idéia de levar a música as suas cidades. Já em outras, a cultura é mais aplicada e conseqüentemente os músicos são muitos bem acolhidos, e com um programa de divulgação muito mais eficaz.

Isso mostra como o público brasileiro ainda é persuadido pelas comunicações de massa das TV’s, e de rádios que vivem de jabás. Entretanto, simultaneamente a esse processo, existem pessoas no interior interessadas em conhecer novidades que não sejam cantores sertanejos ou qualquer outro que apareça na televisão.

Há uma disparidade de vivência cultural muito grande em cidades tão próximas, tal fato se deve aos ideais das pessoas que lá vivem. Pode-se fazer uma análise pelo ângulo de que quando a cultura é incentivada pelos governos municipal e estadual e federal, em geral criam um público mais receptivo e aberto às novidades produzidas por outras regiões. Essa prática só tem saldos positivos, visto que, quando a população assiste os novos projetos culturais, ela cresce mais aberta e disposta a conhecer o diferente, ela tende a restaurar a sua cultura local, além de tornar-se agente criador, e logo “recriador” e “reciclador” de sua própria cultura.

Eu participei do Expresso Melodia pelas cidades Rio Manso e Bonfim no dia 12 e 13 de outubro, com meu próprio show, baseado no repertório que escolho pro meu próximo disco que lançarei o ano que vem. Lá dividi o palco com Rafael Macedo. Agora nesse final de semana 27 e 28 de outubro cantarei dividirei o palco com Pablo Castro, pelo mesmo projeto nas cidades Cruscilândia e Itatiaiuçu.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Impressionismo

Já não mais
A lua sua saiu pro mar
O mar
Se desdobra em canções
Pra você

Corro
Desperto o vento
Meus pés sem saber
Comandar o corpo e a lágrima

Esse tempo
Vem calhar
Meu pensamento

Caminhando vai

E esse gosto de areia e sal
O linho branco respinga
O mar ressacado em meus olhos

Lampejo
De eternidade, vida
E sentimento

Presente
Eu te chamo pra mim

Te busco na roda do tempo
Enfim


São cartas são partes
Saõ marcas de mim

Show em Nova Lima


As boas palavrinhas me faltaram por esses dias!!

Farei um show no Teatro Municipal de Nova Lima! Dia 07 de outubro às 20:30. Bj grande e até lá!!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ná Ozzetti

Ná Ozzetti no Festival de Inverno da UFMG -Diamantina

A voz como instrumento de expressão

No festival de inverno da UFMG em Diamantina, Ná Ozetti, ministrou aulas de canto, que passavam por conceitos permeados pela busca da naturalidade do canto. Aquele que vem da palavra. A partir dela a música, adormecida em nossas entranhas, ganha ar, forma, altura.
Por essa premissa Ná Ozetti desenvolveu em nós a capacidade da voz ser instrumento de expressão.

Abordou a visão do auto-conhecimento, a pesquisa dos movimentos dos músculos internos e a prática de seu domínio, nos levou a entender que havia um paradoxo entre dominar a musculatura e aceitar o canto que saía de dentro de nós, sem alterar a sua naturalidade. Era um dos exercício que exigiam muita concentração.

Em suas aulas durante a semana, cada vez mais, se propagava o entendimento de como o exercício da disciplina de movimentar músculos internos exigia a nossa abstração. “ como mexer nos músculos internos??”.

A arte de cantar depende do domínio da musculatura e ao mesmo tempo de saber o que a música quer naquele momento.

Deixar o som predominar e encontrar os seus espaços entre as vísceras, dessa forma a laringe se alivia e a música sai com naturalidade e percorre todos os espaços vazios existentes em nosso corpo.
Ná Ozzetti deu uma das melhores aulas de canto que eu já tive, tudo através da naturalidade dos movimentos dos músculos, do som e da palavra.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Coletividade

Foi com muita vontade e entusiasmo que participei da semana de discussões sobre o rumo da música, realizada aqui em BH. Foi de grande valia saber os meios pelos quais músicos independentes, produtores e comunicadores criaram mecanismos particulares para sanar as carências nas etapas de produção e distribuição.

Nesta semana foram apresentados como exemplos o projeto Estereocubo (MT), o sistema de Cooperativas (SP), o surgimento da Abrafim (Associação Brasileira de Festivais Independente de Música) e outras frentes criadas no Brasil, baseadas em experiências e dificuldades peculiares a cada região.

Dessa forma vê-se que no Brasil está se criando uma rede de pessoas, associações e cooperativas que fortalecem o processo de produção e contradizem a antiga visão de que o grande centro é o melhor lugar de se produzir. Cada vez mais está ultrapassada essa barata filosofia, pois como já se sabe, as “majores”(grandes gravadoras) estão em decadência.

Exemplos como o do Acre e do Amapá que mesmo com tão pouca tecnologia, e tão afastados dos grandes centros (eixo Rio-São Paulo) estruturaram-se para criar uma nova forma de trabalhar e produzir a arte em si. E pasmem-se, hoje o secretário da cultura do estado do Acre emergiu desses movimentos cooperativistas. Hoje lá, a organização dos planos de comunicação e divulgação da cultura é exemplo de pioneirismo para todos nós. E tudo surgiu por causa de um telefonema para o Estereocubo no Mato Grosso, para saber como o CUBO tinha conseguido entrar para os festivais da Abrafin. A organização do Acre hoje é considerada ponta de linha na organização e propulsão da música e seus eventos.

E como foi dito pelo próprio Pablo Capilé (espaço Cubo) não existe mais aquela visão de que o músico “o iluminado” será descoberto pelo seu grande talento. Se ele não se associar para se fazer conhecido, não adiantará muita coisa. A probabilidade de ele ter algum sucesso em seu trabalho será infinitamente menor. Não adianta mais ficar olhando para o seu próprio umbigo, e tentar vencer as dificuldades sozinhos. O momento é de se associar e trabalhar juntos em prol de um meio artístico mais democrático e aberto às diferentes culturas desse país.

A linha de estratégia para o sucesso em nosso empreendimento é a de cooperação, é a de meios alternativos de se pensar e agir. O Brasil é muito grande e só dessa forma é que conseguiremos fazer mais conexões com a multiplicidade de culturas escondidas pelas vielas do esquecimento e da negligência.

Já me basta ser engolida por essa grande mídia comprada. Todos nós já sabemos que as grandes gravadoras pagam jabás. Elas não estão preocupadas em conservar a cultura de algum local, muito menos fomentar um movimento artístico diverso para se perpetuar a criação.

Ainda bem que existem TVs públicas e Rádios -como sempre alternativas- que têm consciência desse grande mal, fiquei muito feliz de ver representantes da TV Minas e da Rádio Inconfidência, Israel do Vale e Kiko Ferreira, indo a todos os debates e se colocando abertos para a produção independente de música de Minas e do Brasil. Pessoal eles estão a nossa disposição.

E uma das coisas que eles disseram - eu achei até grave para o nosso lado- foi que agora que temos uma representante que é a SIM (Sociedade Independente de Música), nós deixamos vagar as intenções e os sonhos. Eles pensaram que iríamos participar e atuar muito mais na cena de BH e Minas, criando mais eventos e meios de nos fortalecer, propondo novas condutas nos meios de comunicação e nas leis. E o que se vê é a que a SIM, não soube se articular de uma maneira que nos motivasse participar dela com mais afinco e que fomos deixando-a de lado. Não será a hora de avaliarmos a nossa posição e ver o que poderemos fazer para melhorar o sistema? Se a deixarmos como está ficará fadada ao esquecimento. Como nos fazer mais ativos na nossa cena? Se a SIM já foi criada, porque não nos interar dos assuntos, propor novas idéias e ocupar o nosso espaço nessa associação? Acho que devemos ocupar espaços em vez de torná-los improdutivos. Se ela é um órgão que nos representa, porque não nos apropriar?

Acho também que temos que criar outros novos órgãos de cooperativas que gerem a produção, distribuição e comunicação de nossos trabalhos, e isto algumas pessoas que participaram daqueles debates estão se reunindo inclusive eu, para discutir e viabilizar um melhor jeito de implantar esse sistema aqui em Minas Gerais, chamado Coletivo PDM. Estamos implantando frentes de comunicação e depois veremos como será criado.

Vale a pena saber que o pessoal do Cubo criou em Cuiabá, estúdio de gravação, estúdio de ensaio, grupo de assessoria de imprensa, festivais e mostras, tudo por meio de cooperativa. E que interessante, eles criaram um Sistema de Card , cada card vale um real e cinqüenta centavos e tudo é feito por sistemas de trocas. Até as lojas da cidade aceitam o Cubo Card como moeda, pois esse câmbio gerou um crescimento econômico na cidade aquecendo o mercado local. Além de favorecer a mão de obra, dar empregos e tudo mais que um bom empreendimento pode gerar. Acho que podemos fazer aqui em BH o que vocês acham?

A cooperativa criada em São Paulo dá assistência a várias modalidades de assuntos e dentre eles, um bem interessante é que existe um auxílio às musicistas e cantoras grávidas durante quatro meses após o nascimento do bebê. Não é um barato?

O pessoal do Hip Hop também se associou em Cuibá o CUFA e hoje é um dos sistemas mais bem organizados que representam a classe musical e que se espalhou por vários locais Hip Hop do Brasil.

Um dos melhores exemplos de que isso pode dar certo, foi quando criamos o movimento “RECICLO GERAL- mostra de composições inéditas” que aqueceu as noites de junho e julho em BH no ano de 2002. Muitos músicos, compositores, cantores e artistas que aí tocaram hoje estão gravando seus discos e trilhando a sua história. Aquele movimento foi criado com a ajuda de todos com sistemas de permutas, ninguém ganhou cachê, todos fizeram por um pensamento maior que era o da importância da nova música na cidade. Todos os eventos ficavam lotados. Todos os músicos iam aos shows, teve dia em que a casa não comportava a quantidade de pessoas.

Mas foi só o começo, hoje como no Reciclo, temos que nos unir novamente pra perpetuar o trabalho de muitos que dali surgiu e muitos que hoje estão surgindo. Temos que fazer o moinho rodar.

Na visão mostrada naqueles debates de semana passada, fiquei convicta de que sozinhos não vamos a lugar algum, no máximo até ali na Esquina.

Muitas idéias, debates e atitudes são necessários para a melhoria de nossa classe musical. Tenho vários pensamentos borbulhando na cabeça e gostaria de conversar, trocar, aprender, ver diferente, pra fazermos juntos. Alguém se disponibiliza?

terça-feira, 10 de julho de 2007

Lá em casa


noite agitada, infancia a tona, campos gerais, deus como sinto falta, falta de jogar, de subir nas arvores, de chupar manga, de por ropa rasgada, da leo, do marcelo, que agora tem a morena, que eh do tamanho que o rafa era naquela epoca quando me queria trocar pelo seu caminhaozinho preferido........ acho que foi de escutar mto cabaret minero. que lindo o canto das virgens!!!! que paz! o vo! acho que eu nao vo la fecha o portao nao!!! eu tenho medo..... con a tia elisa, mto pao de queijo, broa, biscoito de polvilho, por favor, quero frango ao molho pardo!!!!! quero a liberdade de correr sem medo de cair, de sujar, de querer mais e mais e mais! lindos meses sem encontrar meus pais!!! porque eu ficava com saudades....... ai como eu amo!!!! amo tanto, amo tudo isso que me fez ser quem sou, e que me fez inquieta, e que me fez curiosa, e que me fez crianca, e que me fez nao querer simplesmente o que era provavel deu querer!!!! por momentos penso que seria mas facil so querer o obvio!! mas o obvio eh chato! e sem ele eu vou mto mais longe!!!!!!!!!!! que eh o longe!!! acho q naquela epoca campos gerais era o mais longe que conhecia e hj o mais longe eh tao mais longe que eu nao consigo nem imaginar onde eh! mas hj ta tudo mais perto, e sei que um dia eu chego nesse longe que so meu coracao sabe onde esta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! e o loco eh saber que esse longe pode ser nada mais que duas quadras...... viva o sol, viva o calor, viva brasil, viva praia, viva o espaco, viva as alturas, viva as oportunidades, viva o esforço, viva mto al esforço, que eh ele que te leva longeeeeeeeee......................



Lucinha

segunda-feira, 9 de julho de 2007

CD Linha D’água



Estou atônita por ter escutado um CD tão profundo, com registros que afloram muita sensibilidade.

Sinto uma maturidade de cantora, e ainda mais, por eu já ter conhecido o seu primeiro trabalho. Vi o quanto a vida a ensinou a cantar, a voar e a andar com os pés no chão!!! Ela foi ao encontro de sua identidade mais profunda.

Afinadíssima e com um timbre que caminha entre o grave aveludado e o agudo encorpado, potente. Vê-se que ela tem uma preocupação melódica e harmônica na escolha do repertório e ela soube fazer com muita propriedade. Ela é uma grande cantora e de grande sensibilidade.

Luiz Felipe Gama é um compositor e arranjador que pesquisa e inventa o seu próprio jeito de compor, é muito autêntico. É inovador e ao mesmo tempo “reciclador”, coloca as suas influências musicais de forma sutil e que dessa forma nos permite entender de onde tudo veio. Vê-se que ele faz uma análise e estruturação da música como canção. Ele elabora suas canções com muita criação, é uma obra artística.

Existe um conceito no disco que é o de passar de uma música pra outra sem parar. Adoro isso, dá a noção de continuidade, me prende em casa, não me deixa sair da sala.

É um disco de cantora muito bem produzido e arranjado. Além de ter uma ótima banda a acompanhando, como Natan Marques viola caipira, violão, Sylvinho Mazzuca no baixo, Paulinho Baptista trompete e Sérgio Reze bateria e percussão, e o próprio Luiz Felipe no piano. È muito boa essa formação.

A obra contou com participações especialíssimas, Guinga cantando na música “Depois do Sonho”, Renato Teixeira em “Amora” e Carlos Buono tocando bandoneón em “Juliana”. Vale à pena conferir. Pra mim esse é o melhor disco de cantora, desse tempos.

A “Linha D’água” (Rodrigo Zaidan Luciano Garcez) é a música de abertura e ela faz esse propósito de aguçar em nós a vontade de conhecer o disco por inteiro. Isso se transmite quando na música o Contra-Baixo toma forma. Fomenta curiosidade de conhecer as músicas que passam pelo crivo de sua interpretação.

A música quatro “A cidade e a Serra” (Luiz Felipe Gama e Luciano Garcez) dá uma respirada nas tensões e traz a alegria e conquista o público novamente.

Depois de ouvir uma música alegre ela canta “Clara” (Luiz Felipe Gama) é muito introspectiva. Ela brinca novamente com a dinâmica do arranjo e da voz entre grave e agudo, volume alto e baixo, ela faz isso com muita versatilidade.

Já a música “Amora” (Renato Teixeira) acalma e tranqüiliza a tensão da canção anterior. Por ser conhecida chama atenção do ouvinte para o meio do disco e atiça a curiosidade para saber como ela interpretaria aquela música que já foi cantada por tantos.

O mesmo se dá em "Modinha e Retrato em Branco e Preto" (Vinícius de Moraes/ Tom Jobim e Chico Buarque) por serem músicas conhecidas, descansam um pouco o ouvinte, e o leva para outra esfera da percepção referente ao das lembranças e saudades. Nessa música Ana Luiza chegou ao auge de sua interpretação com uma esplendida naturalidade.

Nunca pensei que fosse ouvir Encrenca novamente, o Natan me ensinou a cantá-la para um show, e nunca me lembrava de como era, só partes da melodia e algumas palavras. Fiquei surpresa e grata, eu me lembro dele me contar que Elis iria gravá-la, mas que morreu pouco depois e que até então nunca ninguém tivesse gravado. Ah se eu soubesse que seria cantora naqueles tempos!!! Hehehe. Ana Luiza a interpretou com muita propriedade.

Que delícia do menininho cantando o “Viola Violar” (Milton Nascimento e Márcio Brant). A música ficou ótima, dá vontade de ficar cantando toda hora.

Pra mim Juliana (Luis Felipe Gama) é a música mais bonita do disco. Música letra e arranjos.

Tem até poema de Pablo Neruda musicado pelo Luis, chamado Soneto LXVI. Na voz de Ana Luiza a música sai das entranhas.

É interessante a idéia das músicas alegres intercalar as mais tensas, dá equilíbrio para as emoções.

E no quase final o frevo "Ninho de Vespa" de Dori Caymmi e P C Pinheiro foi fundamental pra mostrar o naipe da banda e tudo mais. Ela cantou muito bem!!

A última música "Bacia das Almas" remete a uma lembrança atemporal. Lembrei-me muito do livro de poesias “A Viagem” de Cecília Meireles, tem um sentido efêmero, que conta coisas difíceis com muita sutileza. Tal qual Cecília, Luiz Felipe Gama e Mauro Aguiar souberam transmitir o momento da passagem muito bem.

Achei o disco um pouco extenso, talvez eu não fizesse tão grande. Entretanto, eles souberam variar as músicas conhecidas e com as desconhecidas e isso deixou disco bem equilibrado, na medida.