segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Expresso Melodia





É um projeto itinerante que visa levar a música nova produzida em Minas para cidadezinhas do interior, num raio mais ou menos de 100 km de Belo Horizonte, através de um caminhão baú que se transforma em palco por onde passa. É interessante avaliar como cada cidade recebe diferentemente os músicos do projeto Expresso Melodia.

Algumas cidades não têm nenhum conceito cultural e muitos prefeitos não se filiam à idéia de levar a música as suas cidades. Já em outras, a cultura é mais aplicada e conseqüentemente os músicos são muitos bem acolhidos, e com um programa de divulgação muito mais eficaz.

Isso mostra como o público brasileiro ainda é persuadido pelas comunicações de massa das TV’s, e de rádios que vivem de jabás. Entretanto, simultaneamente a esse processo, existem pessoas no interior interessadas em conhecer novidades que não sejam cantores sertanejos ou qualquer outro que apareça na televisão.

Há uma disparidade de vivência cultural muito grande em cidades tão próximas, tal fato se deve aos ideais das pessoas que lá vivem. Pode-se fazer uma análise pelo ângulo de que quando a cultura é incentivada pelos governos municipal e estadual e federal, em geral criam um público mais receptivo e aberto às novidades produzidas por outras regiões. Essa prática só tem saldos positivos, visto que, quando a população assiste os novos projetos culturais, ela cresce mais aberta e disposta a conhecer o diferente, ela tende a restaurar a sua cultura local, além de tornar-se agente criador, e logo “recriador” e “reciclador” de sua própria cultura.

Eu participei do Expresso Melodia pelas cidades Rio Manso e Bonfim no dia 12 e 13 de outubro, com meu próprio show, baseado no repertório que escolho pro meu próximo disco que lançarei o ano que vem. Lá dividi o palco com Rafael Macedo. Agora nesse final de semana 27 e 28 de outubro cantarei dividirei o palco com Pablo Castro, pelo mesmo projeto nas cidades Cruscilândia e Itatiaiuçu.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Impressionismo

Já não mais
A lua sua saiu pro mar
O mar
Se desdobra em canções
Pra você

Corro
Desperto o vento
Meus pés sem saber
Comandar o corpo e a lágrima

Esse tempo
Vem calhar
Meu pensamento

Caminhando vai

E esse gosto de areia e sal
O linho branco respinga
O mar ressacado em meus olhos

Lampejo
De eternidade, vida
E sentimento

Presente
Eu te chamo pra mim

Te busco na roda do tempo
Enfim


São cartas são partes
Saõ marcas de mim

Show em Nova Lima


As boas palavrinhas me faltaram por esses dias!!

Farei um show no Teatro Municipal de Nova Lima! Dia 07 de outubro às 20:30. Bj grande e até lá!!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ná Ozzetti

Ná Ozzetti no Festival de Inverno da UFMG -Diamantina

A voz como instrumento de expressão

No festival de inverno da UFMG em Diamantina, Ná Ozetti, ministrou aulas de canto, que passavam por conceitos permeados pela busca da naturalidade do canto. Aquele que vem da palavra. A partir dela a música, adormecida em nossas entranhas, ganha ar, forma, altura.
Por essa premissa Ná Ozetti desenvolveu em nós a capacidade da voz ser instrumento de expressão.

Abordou a visão do auto-conhecimento, a pesquisa dos movimentos dos músculos internos e a prática de seu domínio, nos levou a entender que havia um paradoxo entre dominar a musculatura e aceitar o canto que saía de dentro de nós, sem alterar a sua naturalidade. Era um dos exercício que exigiam muita concentração.

Em suas aulas durante a semana, cada vez mais, se propagava o entendimento de como o exercício da disciplina de movimentar músculos internos exigia a nossa abstração. “ como mexer nos músculos internos??”.

A arte de cantar depende do domínio da musculatura e ao mesmo tempo de saber o que a música quer naquele momento.

Deixar o som predominar e encontrar os seus espaços entre as vísceras, dessa forma a laringe se alivia e a música sai com naturalidade e percorre todos os espaços vazios existentes em nosso corpo.
Ná Ozzetti deu uma das melhores aulas de canto que eu já tive, tudo através da naturalidade dos movimentos dos músculos, do som e da palavra.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Coletividade

Foi com muita vontade e entusiasmo que participei da semana de discussões sobre o rumo da música, realizada aqui em BH. Foi de grande valia saber os meios pelos quais músicos independentes, produtores e comunicadores criaram mecanismos particulares para sanar as carências nas etapas de produção e distribuição.

Nesta semana foram apresentados como exemplos o projeto Estereocubo (MT), o sistema de Cooperativas (SP), o surgimento da Abrafim (Associação Brasileira de Festivais Independente de Música) e outras frentes criadas no Brasil, baseadas em experiências e dificuldades peculiares a cada região.

Dessa forma vê-se que no Brasil está se criando uma rede de pessoas, associações e cooperativas que fortalecem o processo de produção e contradizem a antiga visão de que o grande centro é o melhor lugar de se produzir. Cada vez mais está ultrapassada essa barata filosofia, pois como já se sabe, as “majores”(grandes gravadoras) estão em decadência.

Exemplos como o do Acre e do Amapá que mesmo com tão pouca tecnologia, e tão afastados dos grandes centros (eixo Rio-São Paulo) estruturaram-se para criar uma nova forma de trabalhar e produzir a arte em si. E pasmem-se, hoje o secretário da cultura do estado do Acre emergiu desses movimentos cooperativistas. Hoje lá, a organização dos planos de comunicação e divulgação da cultura é exemplo de pioneirismo para todos nós. E tudo surgiu por causa de um telefonema para o Estereocubo no Mato Grosso, para saber como o CUBO tinha conseguido entrar para os festivais da Abrafin. A organização do Acre hoje é considerada ponta de linha na organização e propulsão da música e seus eventos.

E como foi dito pelo próprio Pablo Capilé (espaço Cubo) não existe mais aquela visão de que o músico “o iluminado” será descoberto pelo seu grande talento. Se ele não se associar para se fazer conhecido, não adiantará muita coisa. A probabilidade de ele ter algum sucesso em seu trabalho será infinitamente menor. Não adianta mais ficar olhando para o seu próprio umbigo, e tentar vencer as dificuldades sozinhos. O momento é de se associar e trabalhar juntos em prol de um meio artístico mais democrático e aberto às diferentes culturas desse país.

A linha de estratégia para o sucesso em nosso empreendimento é a de cooperação, é a de meios alternativos de se pensar e agir. O Brasil é muito grande e só dessa forma é que conseguiremos fazer mais conexões com a multiplicidade de culturas escondidas pelas vielas do esquecimento e da negligência.

Já me basta ser engolida por essa grande mídia comprada. Todos nós já sabemos que as grandes gravadoras pagam jabás. Elas não estão preocupadas em conservar a cultura de algum local, muito menos fomentar um movimento artístico diverso para se perpetuar a criação.

Ainda bem que existem TVs públicas e Rádios -como sempre alternativas- que têm consciência desse grande mal, fiquei muito feliz de ver representantes da TV Minas e da Rádio Inconfidência, Israel do Vale e Kiko Ferreira, indo a todos os debates e se colocando abertos para a produção independente de música de Minas e do Brasil. Pessoal eles estão a nossa disposição.

E uma das coisas que eles disseram - eu achei até grave para o nosso lado- foi que agora que temos uma representante que é a SIM (Sociedade Independente de Música), nós deixamos vagar as intenções e os sonhos. Eles pensaram que iríamos participar e atuar muito mais na cena de BH e Minas, criando mais eventos e meios de nos fortalecer, propondo novas condutas nos meios de comunicação e nas leis. E o que se vê é a que a SIM, não soube se articular de uma maneira que nos motivasse participar dela com mais afinco e que fomos deixando-a de lado. Não será a hora de avaliarmos a nossa posição e ver o que poderemos fazer para melhorar o sistema? Se a deixarmos como está ficará fadada ao esquecimento. Como nos fazer mais ativos na nossa cena? Se a SIM já foi criada, porque não nos interar dos assuntos, propor novas idéias e ocupar o nosso espaço nessa associação? Acho que devemos ocupar espaços em vez de torná-los improdutivos. Se ela é um órgão que nos representa, porque não nos apropriar?

Acho também que temos que criar outros novos órgãos de cooperativas que gerem a produção, distribuição e comunicação de nossos trabalhos, e isto algumas pessoas que participaram daqueles debates estão se reunindo inclusive eu, para discutir e viabilizar um melhor jeito de implantar esse sistema aqui em Minas Gerais, chamado Coletivo PDM. Estamos implantando frentes de comunicação e depois veremos como será criado.

Vale a pena saber que o pessoal do Cubo criou em Cuiabá, estúdio de gravação, estúdio de ensaio, grupo de assessoria de imprensa, festivais e mostras, tudo por meio de cooperativa. E que interessante, eles criaram um Sistema de Card , cada card vale um real e cinqüenta centavos e tudo é feito por sistemas de trocas. Até as lojas da cidade aceitam o Cubo Card como moeda, pois esse câmbio gerou um crescimento econômico na cidade aquecendo o mercado local. Além de favorecer a mão de obra, dar empregos e tudo mais que um bom empreendimento pode gerar. Acho que podemos fazer aqui em BH o que vocês acham?

A cooperativa criada em São Paulo dá assistência a várias modalidades de assuntos e dentre eles, um bem interessante é que existe um auxílio às musicistas e cantoras grávidas durante quatro meses após o nascimento do bebê. Não é um barato?

O pessoal do Hip Hop também se associou em Cuibá o CUFA e hoje é um dos sistemas mais bem organizados que representam a classe musical e que se espalhou por vários locais Hip Hop do Brasil.

Um dos melhores exemplos de que isso pode dar certo, foi quando criamos o movimento “RECICLO GERAL- mostra de composições inéditas” que aqueceu as noites de junho e julho em BH no ano de 2002. Muitos músicos, compositores, cantores e artistas que aí tocaram hoje estão gravando seus discos e trilhando a sua história. Aquele movimento foi criado com a ajuda de todos com sistemas de permutas, ninguém ganhou cachê, todos fizeram por um pensamento maior que era o da importância da nova música na cidade. Todos os eventos ficavam lotados. Todos os músicos iam aos shows, teve dia em que a casa não comportava a quantidade de pessoas.

Mas foi só o começo, hoje como no Reciclo, temos que nos unir novamente pra perpetuar o trabalho de muitos que dali surgiu e muitos que hoje estão surgindo. Temos que fazer o moinho rodar.

Na visão mostrada naqueles debates de semana passada, fiquei convicta de que sozinhos não vamos a lugar algum, no máximo até ali na Esquina.

Muitas idéias, debates e atitudes são necessários para a melhoria de nossa classe musical. Tenho vários pensamentos borbulhando na cabeça e gostaria de conversar, trocar, aprender, ver diferente, pra fazermos juntos. Alguém se disponibiliza?

terça-feira, 10 de julho de 2007

Lá em casa


noite agitada, infancia a tona, campos gerais, deus como sinto falta, falta de jogar, de subir nas arvores, de chupar manga, de por ropa rasgada, da leo, do marcelo, que agora tem a morena, que eh do tamanho que o rafa era naquela epoca quando me queria trocar pelo seu caminhaozinho preferido........ acho que foi de escutar mto cabaret minero. que lindo o canto das virgens!!!! que paz! o vo! acho que eu nao vo la fecha o portao nao!!! eu tenho medo..... con a tia elisa, mto pao de queijo, broa, biscoito de polvilho, por favor, quero frango ao molho pardo!!!!! quero a liberdade de correr sem medo de cair, de sujar, de querer mais e mais e mais! lindos meses sem encontrar meus pais!!! porque eu ficava com saudades....... ai como eu amo!!!! amo tanto, amo tudo isso que me fez ser quem sou, e que me fez inquieta, e que me fez curiosa, e que me fez crianca, e que me fez nao querer simplesmente o que era provavel deu querer!!!! por momentos penso que seria mas facil so querer o obvio!! mas o obvio eh chato! e sem ele eu vou mto mais longe!!!!!!!!!!! que eh o longe!!! acho q naquela epoca campos gerais era o mais longe que conhecia e hj o mais longe eh tao mais longe que eu nao consigo nem imaginar onde eh! mas hj ta tudo mais perto, e sei que um dia eu chego nesse longe que so meu coracao sabe onde esta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! e o loco eh saber que esse longe pode ser nada mais que duas quadras...... viva o sol, viva o calor, viva brasil, viva praia, viva o espaco, viva as alturas, viva as oportunidades, viva o esforço, viva mto al esforço, que eh ele que te leva longeeeeeeeee......................



Lucinha

segunda-feira, 9 de julho de 2007

CD Linha D’água



Estou atônita por ter escutado um CD tão profundo, com registros que afloram muita sensibilidade.

Sinto uma maturidade de cantora, e ainda mais, por eu já ter conhecido o seu primeiro trabalho. Vi o quanto a vida a ensinou a cantar, a voar e a andar com os pés no chão!!! Ela foi ao encontro de sua identidade mais profunda.

Afinadíssima e com um timbre que caminha entre o grave aveludado e o agudo encorpado, potente. Vê-se que ela tem uma preocupação melódica e harmônica na escolha do repertório e ela soube fazer com muita propriedade. Ela é uma grande cantora e de grande sensibilidade.

Luiz Felipe Gama é um compositor e arranjador que pesquisa e inventa o seu próprio jeito de compor, é muito autêntico. É inovador e ao mesmo tempo “reciclador”, coloca as suas influências musicais de forma sutil e que dessa forma nos permite entender de onde tudo veio. Vê-se que ele faz uma análise e estruturação da música como canção. Ele elabora suas canções com muita criação, é uma obra artística.

Existe um conceito no disco que é o de passar de uma música pra outra sem parar. Adoro isso, dá a noção de continuidade, me prende em casa, não me deixa sair da sala.

É um disco de cantora muito bem produzido e arranjado. Além de ter uma ótima banda a acompanhando, como Natan Marques viola caipira, violão, Sylvinho Mazzuca no baixo, Paulinho Baptista trompete e Sérgio Reze bateria e percussão, e o próprio Luiz Felipe no piano. È muito boa essa formação.

A obra contou com participações especialíssimas, Guinga cantando na música “Depois do Sonho”, Renato Teixeira em “Amora” e Carlos Buono tocando bandoneón em “Juliana”. Vale à pena conferir. Pra mim esse é o melhor disco de cantora, desse tempos.

A “Linha D’água” (Rodrigo Zaidan Luciano Garcez) é a música de abertura e ela faz esse propósito de aguçar em nós a vontade de conhecer o disco por inteiro. Isso se transmite quando na música o Contra-Baixo toma forma. Fomenta curiosidade de conhecer as músicas que passam pelo crivo de sua interpretação.

A música quatro “A cidade e a Serra” (Luiz Felipe Gama e Luciano Garcez) dá uma respirada nas tensões e traz a alegria e conquista o público novamente.

Depois de ouvir uma música alegre ela canta “Clara” (Luiz Felipe Gama) é muito introspectiva. Ela brinca novamente com a dinâmica do arranjo e da voz entre grave e agudo, volume alto e baixo, ela faz isso com muita versatilidade.

Já a música “Amora” (Renato Teixeira) acalma e tranqüiliza a tensão da canção anterior. Por ser conhecida chama atenção do ouvinte para o meio do disco e atiça a curiosidade para saber como ela interpretaria aquela música que já foi cantada por tantos.

O mesmo se dá em "Modinha e Retrato em Branco e Preto" (Vinícius de Moraes/ Tom Jobim e Chico Buarque) por serem músicas conhecidas, descansam um pouco o ouvinte, e o leva para outra esfera da percepção referente ao das lembranças e saudades. Nessa música Ana Luiza chegou ao auge de sua interpretação com uma esplendida naturalidade.

Nunca pensei que fosse ouvir Encrenca novamente, o Natan me ensinou a cantá-la para um show, e nunca me lembrava de como era, só partes da melodia e algumas palavras. Fiquei surpresa e grata, eu me lembro dele me contar que Elis iria gravá-la, mas que morreu pouco depois e que até então nunca ninguém tivesse gravado. Ah se eu soubesse que seria cantora naqueles tempos!!! Hehehe. Ana Luiza a interpretou com muita propriedade.

Que delícia do menininho cantando o “Viola Violar” (Milton Nascimento e Márcio Brant). A música ficou ótima, dá vontade de ficar cantando toda hora.

Pra mim Juliana (Luis Felipe Gama) é a música mais bonita do disco. Música letra e arranjos.

Tem até poema de Pablo Neruda musicado pelo Luis, chamado Soneto LXVI. Na voz de Ana Luiza a música sai das entranhas.

É interessante a idéia das músicas alegres intercalar as mais tensas, dá equilíbrio para as emoções.

E no quase final o frevo "Ninho de Vespa" de Dori Caymmi e P C Pinheiro foi fundamental pra mostrar o naipe da banda e tudo mais. Ela cantou muito bem!!

A última música "Bacia das Almas" remete a uma lembrança atemporal. Lembrei-me muito do livro de poesias “A Viagem” de Cecília Meireles, tem um sentido efêmero, que conta coisas difíceis com muita sutileza. Tal qual Cecília, Luiz Felipe Gama e Mauro Aguiar souberam transmitir o momento da passagem muito bem.

Achei o disco um pouco extenso, talvez eu não fizesse tão grande. Entretanto, eles souberam variar as músicas conhecidas e com as desconhecidas e isso deixou disco bem equilibrado, na medida.