Foi com muita vontade e entusiasmo que participei da semana de discussões sobre o rumo da música, realizada aqui em BH. Foi de grande valia saber os meios pelos quais músicos independentes, produtores e comunicadores criaram mecanismos particulares para sanar as carências nas etapas de produção e distribuição.
Nesta semana foram apresentados como exemplos o projeto Estereocubo (MT), o sistema de Cooperativas (SP), o surgimento da Abrafim (Associação Brasileira de Festivais Independente de Música) e outras frentes criadas no Brasil, baseadas em experiências e dificuldades peculiares a cada região.
Dessa forma vê-se que no Brasil está se criando uma rede de pessoas, associações e cooperativas que fortalecem o processo de produção e contradizem a antiga visão de que o grande centro é o melhor lugar de se produzir. Cada vez mais está ultrapassada essa barata filosofia, pois como já se sabe, as “majores”(grandes gravadoras) estão em decadência.
Exemplos como o do Acre e do Amapá que mesmo com tão pouca tecnologia, e tão afastados dos grandes centros (eixo Rio-São Paulo) estruturaram-se para criar uma nova forma de trabalhar e produzir a arte em si. E pasmem-se, hoje o secretário da cultura do estado do Acre emergiu desses movimentos cooperativistas. Hoje lá, a organização dos planos de comunicação e divulgação da cultura é exemplo de pioneirismo para todos nós. E tudo surgiu por causa de um telefonema para o Estereocubo no Mato Grosso, para saber como o CUBO tinha conseguido entrar para os festivais da Abrafin. A organização do Acre hoje é considerada ponta de linha na organização e propulsão da música e seus eventos.
E como foi dito pelo próprio Pablo Capilé (espaço Cubo) não existe mais aquela visão de que o músico “o iluminado” será descoberto pelo seu grande talento. Se ele não se associar para se fazer conhecido, não adiantará muita coisa. A probabilidade de ele ter algum sucesso em seu trabalho será infinitamente menor. Não adianta mais ficar olhando para o seu próprio umbigo, e tentar vencer as dificuldades sozinhos. O momento é de se associar e trabalhar juntos em prol de um meio artístico mais democrático e aberto às diferentes culturas desse país.
A linha de estratégia para o sucesso em nosso empreendimento é a de cooperação, é a de meios alternativos de se pensar e agir. O Brasil é muito grande e só dessa forma é que conseguiremos fazer mais conexões com a multiplicidade de culturas escondidas pelas vielas do esquecimento e da negligência.
Já me basta ser engolida por essa grande mídia comprada. Todos nós já sabemos que as grandes gravadoras pagam jabás. Elas não estão preocupadas em conservar a cultura de algum local, muito menos fomentar um movimento artístico diverso para se perpetuar a criação.
Ainda bem que existem TVs públicas e Rádios -como sempre alternativas- que têm consciência desse grande mal, fiquei muito feliz de ver representantes da TV Minas e da Rádio Inconfidência, Israel do Vale e Kiko Ferreira, indo a todos os debates e se colocando abertos para a produção independente de música de Minas e do Brasil. Pessoal eles estão a nossa disposição.
E uma das coisas que eles disseram - eu achei até grave para o nosso lado- foi que agora que temos uma representante que é a SIM (Sociedade Independente de Música), nós deixamos vagar as intenções e os sonhos. Eles pensaram que iríamos participar e atuar muito mais na cena de BH e Minas, criando mais eventos e meios de nos fortalecer, propondo novas condutas nos meios de comunicação e nas leis. E o que se vê é a que a SIM, não soube se articular de uma maneira que nos motivasse participar dela com mais afinco e que fomos deixando-a de lado. Não será a hora de avaliarmos a nossa posição e ver o que poderemos fazer para melhorar o sistema? Se a deixarmos como está ficará fadada ao esquecimento. Como nos fazer mais ativos na nossa cena? Se a SIM já foi criada, porque não nos interar dos assuntos, propor novas idéias e ocupar o nosso espaço nessa associação? Acho que devemos ocupar espaços em vez de torná-los improdutivos. Se ela é um órgão que nos representa, porque não nos apropriar?
Acho também que temos que criar outros novos órgãos de cooperativas que gerem a produção, distribuição e comunicação de nossos trabalhos, e isto algumas pessoas que participaram daqueles debates estão se reunindo inclusive eu, para discutir e viabilizar um melhor jeito de implantar esse sistema aqui em Minas Gerais, chamado Coletivo PDM. Estamos implantando frentes de comunicação e depois veremos como será criado.
Vale a pena saber que o pessoal do Cubo criou em Cuiabá, estúdio de gravação, estúdio de ensaio, grupo de assessoria de imprensa, festivais e mostras, tudo por meio de cooperativa. E que interessante, eles criaram um Sistema de Card , cada card vale um real e cinqüenta centavos e tudo é feito por sistemas de trocas. Até as lojas da cidade aceitam o Cubo Card como moeda, pois esse câmbio gerou um crescimento econômico na cidade aquecendo o mercado local. Além de favorecer a mão de obra, dar empregos e tudo mais que um bom empreendimento pode gerar. Acho que podemos fazer aqui em BH o que vocês acham?
A cooperativa criada em São Paulo dá assistência a várias modalidades de assuntos e dentre eles, um bem interessante é que existe um auxílio às musicistas e cantoras grávidas durante quatro meses após o nascimento do bebê. Não é um barato?
O pessoal do Hip Hop também se associou em Cuibá o CUFA e hoje é um dos sistemas mais bem organizados que representam a classe musical e que se espalhou por vários locais Hip Hop do Brasil.
Um dos melhores exemplos de que isso pode dar certo, foi quando criamos o movimento “RECICLO GERAL- mostra de composições inéditas” que aqueceu as noites de junho e julho em BH no ano de 2002. Muitos músicos, compositores, cantores e artistas que aí tocaram hoje estão gravando seus discos e trilhando a sua história. Aquele movimento foi criado com a ajuda de todos com sistemas de permutas, ninguém ganhou cachê, todos fizeram por um pensamento maior que era o da importância da nova música na cidade. Todos os eventos ficavam lotados. Todos os músicos iam aos shows, teve dia em que a casa não comportava a quantidade de pessoas.
Mas foi só o começo, hoje como no Reciclo, temos que nos unir novamente pra perpetuar o trabalho de muitos que dali surgiu e muitos que hoje estão surgindo. Temos que fazer o moinho rodar.
Na visão mostrada naqueles debates de semana passada, fiquei convicta de que sozinhos não vamos a lugar algum, no máximo até ali na Esquina.
Muitas idéias, debates e atitudes são necessários para a melhoria de nossa classe musical. Tenho vários pensamentos borbulhando na cabeça e gostaria de conversar, trocar, aprender, ver diferente, pra fazermos juntos. Alguém se disponibiliza?
Nesta semana foram apresentados como exemplos o projeto Estereocubo (MT), o sistema de Cooperativas (SP), o surgimento da Abrafim (Associação Brasileira de Festivais Independente de Música) e outras frentes criadas no Brasil, baseadas em experiências e dificuldades peculiares a cada região.
Dessa forma vê-se que no Brasil está se criando uma rede de pessoas, associações e cooperativas que fortalecem o processo de produção e contradizem a antiga visão de que o grande centro é o melhor lugar de se produzir. Cada vez mais está ultrapassada essa barata filosofia, pois como já se sabe, as “majores”(grandes gravadoras) estão em decadência.
Exemplos como o do Acre e do Amapá que mesmo com tão pouca tecnologia, e tão afastados dos grandes centros (eixo Rio-São Paulo) estruturaram-se para criar uma nova forma de trabalhar e produzir a arte em si. E pasmem-se, hoje o secretário da cultura do estado do Acre emergiu desses movimentos cooperativistas. Hoje lá, a organização dos planos de comunicação e divulgação da cultura é exemplo de pioneirismo para todos nós. E tudo surgiu por causa de um telefonema para o Estereocubo no Mato Grosso, para saber como o CUBO tinha conseguido entrar para os festivais da Abrafin. A organização do Acre hoje é considerada ponta de linha na organização e propulsão da música e seus eventos.
E como foi dito pelo próprio Pablo Capilé (espaço Cubo) não existe mais aquela visão de que o músico “o iluminado” será descoberto pelo seu grande talento. Se ele não se associar para se fazer conhecido, não adiantará muita coisa. A probabilidade de ele ter algum sucesso em seu trabalho será infinitamente menor. Não adianta mais ficar olhando para o seu próprio umbigo, e tentar vencer as dificuldades sozinhos. O momento é de se associar e trabalhar juntos em prol de um meio artístico mais democrático e aberto às diferentes culturas desse país.
A linha de estratégia para o sucesso em nosso empreendimento é a de cooperação, é a de meios alternativos de se pensar e agir. O Brasil é muito grande e só dessa forma é que conseguiremos fazer mais conexões com a multiplicidade de culturas escondidas pelas vielas do esquecimento e da negligência.
Já me basta ser engolida por essa grande mídia comprada. Todos nós já sabemos que as grandes gravadoras pagam jabás. Elas não estão preocupadas em conservar a cultura de algum local, muito menos fomentar um movimento artístico diverso para se perpetuar a criação.
Ainda bem que existem TVs públicas e Rádios -como sempre alternativas- que têm consciência desse grande mal, fiquei muito feliz de ver representantes da TV Minas e da Rádio Inconfidência, Israel do Vale e Kiko Ferreira, indo a todos os debates e se colocando abertos para a produção independente de música de Minas e do Brasil. Pessoal eles estão a nossa disposição.
E uma das coisas que eles disseram - eu achei até grave para o nosso lado- foi que agora que temos uma representante que é a SIM (Sociedade Independente de Música), nós deixamos vagar as intenções e os sonhos. Eles pensaram que iríamos participar e atuar muito mais na cena de BH e Minas, criando mais eventos e meios de nos fortalecer, propondo novas condutas nos meios de comunicação e nas leis. E o que se vê é a que a SIM, não soube se articular de uma maneira que nos motivasse participar dela com mais afinco e que fomos deixando-a de lado. Não será a hora de avaliarmos a nossa posição e ver o que poderemos fazer para melhorar o sistema? Se a deixarmos como está ficará fadada ao esquecimento. Como nos fazer mais ativos na nossa cena? Se a SIM já foi criada, porque não nos interar dos assuntos, propor novas idéias e ocupar o nosso espaço nessa associação? Acho que devemos ocupar espaços em vez de torná-los improdutivos. Se ela é um órgão que nos representa, porque não nos apropriar?
Acho também que temos que criar outros novos órgãos de cooperativas que gerem a produção, distribuição e comunicação de nossos trabalhos, e isto algumas pessoas que participaram daqueles debates estão se reunindo inclusive eu, para discutir e viabilizar um melhor jeito de implantar esse sistema aqui em Minas Gerais, chamado Coletivo PDM. Estamos implantando frentes de comunicação e depois veremos como será criado.
Vale a pena saber que o pessoal do Cubo criou em Cuiabá, estúdio de gravação, estúdio de ensaio, grupo de assessoria de imprensa, festivais e mostras, tudo por meio de cooperativa. E que interessante, eles criaram um Sistema de Card , cada card vale um real e cinqüenta centavos e tudo é feito por sistemas de trocas. Até as lojas da cidade aceitam o Cubo Card como moeda, pois esse câmbio gerou um crescimento econômico na cidade aquecendo o mercado local. Além de favorecer a mão de obra, dar empregos e tudo mais que um bom empreendimento pode gerar. Acho que podemos fazer aqui em BH o que vocês acham?
A cooperativa criada em São Paulo dá assistência a várias modalidades de assuntos e dentre eles, um bem interessante é que existe um auxílio às musicistas e cantoras grávidas durante quatro meses após o nascimento do bebê. Não é um barato?
O pessoal do Hip Hop também se associou em Cuibá o CUFA e hoje é um dos sistemas mais bem organizados que representam a classe musical e que se espalhou por vários locais Hip Hop do Brasil.
Um dos melhores exemplos de que isso pode dar certo, foi quando criamos o movimento “RECICLO GERAL- mostra de composições inéditas” que aqueceu as noites de junho e julho em BH no ano de 2002. Muitos músicos, compositores, cantores e artistas que aí tocaram hoje estão gravando seus discos e trilhando a sua história. Aquele movimento foi criado com a ajuda de todos com sistemas de permutas, ninguém ganhou cachê, todos fizeram por um pensamento maior que era o da importância da nova música na cidade. Todos os eventos ficavam lotados. Todos os músicos iam aos shows, teve dia em que a casa não comportava a quantidade de pessoas.
Mas foi só o começo, hoje como no Reciclo, temos que nos unir novamente pra perpetuar o trabalho de muitos que dali surgiu e muitos que hoje estão surgindo. Temos que fazer o moinho rodar.
Na visão mostrada naqueles debates de semana passada, fiquei convicta de que sozinhos não vamos a lugar algum, no máximo até ali na Esquina.
Muitas idéias, debates e atitudes são necessários para a melhoria de nossa classe musical. Tenho vários pensamentos borbulhando na cabeça e gostaria de conversar, trocar, aprender, ver diferente, pra fazermos juntos. Alguém se disponibiliza?