Até quando o Brasil vai ignorar a sua música? Sinceramente, Mestre Jonas é um dos grandes músicos que apareceram nos últimos tempos, com mais de mil músicas, pouquíssimas editadas, suas composições são merecedoras de muitos louros. Jonas com o seu suingue comparado ao de Moacir Santos, não é só um sambeiro, ele passava por várias áreas da música com muita desenvoltura, contemporâneo de seu tempo, coisa que somente os grandes conseguem. Ele sempre soube que estava fazendo algo de valor para a cultura brasileira, mesmo que os canais de mídia e rádios o ignorassem. Com estética e alegria Jonas se propôs a escrever uma música por dia, mas tinha dias que ele escrevia três. Uma das coisas que mais gostava de ouvir e tinha muitas fitas em VHS com vários shows, mas o que ele mais ficava inspirado era quando via os shows de Egberto Gismonti, ele adorava passar o tempo ouvindo músicas e criando. Jonas nos deixou um legado e faço questão de divulgá-lo até nos confins do mundo por onde cantar. Ele fez Artes Plásticas na faculdade Guignard, ele dizia que gostava de fazer desenhos em nanquim, gostava de um bom café e falar de coisas boas da vida. Um típico brasileiro nascido na favela que poderia ter escolhido outros destinos menos felizes para a sua vida, mas escolheu a arte como meio de sobrevivência e de manifestação de suas idéias. Uma das poucas rádios que o divulgavam era a rádio favela, por isso as pessoas do morro o conheciam e o respeitavam como artista, ele era amigo pra toda hora, carinhoso e bonachão. Ficar do lado dele sempre me inspirou a compor, a música fluía. Ele exalava arte e alecrim. Era um Mahatma -palavra sânscrita que significa “grande alma” e era mesmo, cheio de sorriso, não tinha quem não se alegrava quando O Mestrinho chegava.
Este ano de 2012, completaria 10 anos de carreira quando começamos juntos com outros compositores e intérpretes do Movimento Reciclo Geral. É uma grande perda para o Brasil e lamentável que muitos brasileiros amantes da boa música não o conheceram, devido a estes meios nefastos de comunicação que não privilegiam a arte musical genuína.